25/05/2021

Em tempo de pandemia da Covid-19, que assola o mundo desde março de 2020, é de conhecimento geral que a higiene frequente das mãos com água e sabão ou álcool 70% é uma das práticas preventivas. O uso de máscara facial e o distanciamento social são as outras duas principais recomendações dos órgãos de saúde.

O Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), órgão representativo da classe oftalmológica, sugere outra norma protetiva: evitar tocar olhos, nariz e boca sem a higienização adequada das mãos.

Cobrir a boca e o nariz ao tossir ou espirrar, com o cotovelo flexionado ou utilizando-se de um lenço descartável; e a limpeza e a desinfecção de objetos e superfícies tocados com frequência também são recomendações feitas pela entidade.

Desde o início da pandemia, vários estudos foram feitos para descobrir se a doença causa sequelas nos seres humanos. Um deles, feito com mais de 236 mil pacientes, a maioria deles norte-americanos, mostrou que um em cada três sobreviventes da Covid foi diagnosticado com distúrbio cerebral ou psiquiátrico num prazo de seis meses.

Os pesquisadores disseram que não está claro como o vírus está ligado a condições psiquiátricas como ansiedade e depressão, mas que esses são os diagnósticos mais comuns entre os distúrbios que foram considerados.

Especificamente sobre a visão, uma pesquisa feita pela Escola Paulista de Medicina com 104 pessoas mostrou que 25% dos pacientes graves de coronavírus apresentaram um problema oftalmológico após a recuperação da doença.

O levantamento foi realizado entre março e junho de 2020. Lesões oculares foram registradas em 22% dos pacientes, sem perda visual; 3% registraram algum comprometimento mais sério da visão. Assim como o estudo norte-americano, não foi possível estabelecer a relação de causa-efeito.

Na Serra Gaúcha, a assistente administrativa Cassiane Anziliero, de 32 anos, usava óculos e depois que contraiu a Covid-19 verificou que houve aumento de grau. Ela agendou uma consulta oftalmológica devido à ardência no olho esquerdo, o qual tem desvio de foco.

Além do aumento do grau das lentes, o uso diário de um colírio foi receitado à moradora de Flores da Cunha para atenuar o problema e reduzir as dores de cabeça que também foram detectadas após a Covid.

De acordo com o médico oftalmologista do Hospital de Olhos do Lions em Passo Fundo, Rafaello Martini Frasson, as principais complicações observadas até agora podem ter ligação mais direta com os medicamentos usados para tratar a Covid do que com o próprio vírus.

O especialista conta que é possível que pacientes infectados apresentem alterações patológicas nos olhos. Em curto prazo, a conjuntivite é o problema ocular mais comum, tendo prevalência estimada entre 1% a 5% dos pacientes positivos para o coronavírus.

Outro estudo citado por Frasson, com 500 pacientes participantes, apresenta três sintomas oculares mais comuns associados à Covid: olho seco (20,9%), baixa acuidade visual (12,7%) e sensação de corpo estranho nos olhos (11,8%).

O Conselho Brasileiro de Oftalmologia alerta que o tratamento medicamentoso da Covid pode deixar marcas na visão. As causas desta constatação estariam ligadas ao fato de que, em casos moderados e graves, os pacientes recebem alta dose de corticoides.

“A suposição é verdadeira. O uso prolongado de corticoides pode levar à catarata iatrogênica, risco que os pacientes com quadros mais graves que cursam com internação hospitalar podem correr. Porém, ainda não possuímos evidências científicas suficientes para suportar esta relação”, explica o oftalmologista Rafaello Martini Frasson.

Com todo esse contexto, é válido reforçar que a melhor conduta sempre é a prevenção.

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